Um discurso duro feito pelo vereador de Vitória Leonardo Monjardim (Novo) contra o ex-deputado federal Carlos Manato (PL) desencadeou uma reação judicial. Manato enviou ao parlamentar uma Notificação para Explicações, na qual aponta possível prática de injúria, difamação e intenção de ofensa que, segundo a defesa, extrapola os limites do debate político. O documento destaca danos morais e “abalo à reputação” acumulada pelo ex-deputado em “décadas de vida pública”. Caso as respostas não sejam consideradas satisfatórias, a defesa afirma que poderá ingressar com ação penal privada.
Notificação questiona intenções do vereador
O advogado Carlos Zaganelli, representante de Manato, anexou ao documento 15 perguntas sobre as motivações de Monjardim ao usar expressões como “incompetente”, “despreparado”, “desqualificado”, “vergonha para a direita do Espírito Santo” e “envolvido em negociatas”. A peça também solicita esclarecimentos sobre a passagem do vereador pelo Partido dos Trabalhadores (PT), como data de filiação, cargo disputado e motivo da saída.
Origem do conflito
O atrito começou após uma sessão solene realizada pelo vereador de Vila Velha Patrick da Guarda (PL) para homenagear movimentos de direita. Monjardim reagiu a comentários feitos por Manato, que teria classificado como “factoide” a eventual candidatura do vereador ao Senado. A defesa do ex-deputado, porém, ressalta que Manato não mencionou nomes na ocasião.
Escalada das acusações
Segundo a Notificação, Monjardim “sentindo-se aludido”, iniciou “ataques públicos e virulentos” durante discurso em plenário, transmitido ao vivo pelo YouTube. Entre as declarações, o vereador afirmou que Manato deveria “tomar vergonha na cara”, que seria um “político turista”, alguém que “só aparece em eleição” e que passa tempo “em botequins conversando fiado”.
O parlamentar ainda acusou o ex-deputado de priorizar acordos para eleger a esposa, a ex-deputada Soraya Manato (PP), o que, segundo a defesa, configuraria “conduta criminosa”. Houve também críticas sobre a atuação eleitoral do ex-deputado, como derrotas em disputas ao governo e suposta dificuldade em formar alianças.
Liberdade de expressão e limites legais
A Notificação afirma que, mesmo no ambiente político, a liberdade de expressão “não é escudo para crimes contra a honra” e que a imunidade parlamentar não é absoluta quando não há pertinência com o mandato. A defesa argumenta que o objetivo de Monjardim teria sido “ofender e denegrir a imagem” de Manato, justificando eventual responsabilização penal.
Impacto político e racha na direita capixaba
O caso reforça o clima de tensão dentro do bloco de direita que circunda o prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos). Monjardim é líder do governo na Câmara Municipal; Soraya Manato é secretária municipal; e Manato já declarou apoio ao prefeito na disputa de 2026. Tentativas internas de apaziguar a situação — incluindo sugestão de um encontro entre ambos — não avançaram. Até o momento, os sinais apontam para um rompimento definitivo.

