As redes sociais deixaram de ser apenas vitrines e se tornaram território central das disputas eleitorais no Brasil e por aqui, no Espírito Santo
A comunicação digital hoje não é apenas complementar, mas decisiva para qualquer político que queira ampliar alcance, construir narrativas sólidas e gerar conexão com o eleitorado.
Dados da Biblioteca de Anúncios do Facebook e Instagram, no período de 1º de janeiro até 26 de setembro, mostram cenários contrastantes: enquanto Renato Casagrande, Lucas Polese, Marcelo Santos, Ricardo Ferraço e Erick Musso consolidam presença robusta no tráfego pago, outros nomes, como Victor Coelho, Allan Ferreira e Fabrício Petri, mantêm atuação discreta, arriscando-se a perderem espaço em um ambiente onde a disputa por atenção é cada vez mais acirrada.
Tráfego orgânico: capital de autenticidade
O tráfego orgânico — aquele que nasce de conteúdos espontâneos, sem mídia paga — deixou de ser “complemento” e passou a ser ativo estratégico. Em 2025, com a saturação de anúncios e a presença crescente da inteligência artificial moldando conteúdos e tendências, o eleitor se mostra mais seletivo: busca autenticidade, consistência e afinidade.
Um bom exemplo é o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini. Apesar de ter registrado 74 publicações impulsionadas, um número modesto frente aos concorrentes, mantém presença orgânica constante em temas como segurança e mobilidade em seu perfil, embora com pouco alcance no interior do Estado.
Tráfego pago: escala e segmentação inteligente
O tráfego pago continua sendo o motor da escala e da segmentação. Ele é capaz de ultrapassar as barreiras algorítmicas e garantir que mensagens estratégicas cheguem a públicos específicos, algo fundamental em um cenário político fragmentado.
Mais do que impulsionamento, o tráfego pago funciona como um laboratório de dados. Por meio de testes, é possível identificar discursos que convertem melhor, mapear regiões com maior adesão e ajustar narrativas em tempo real.
Integração: onde está o verdadeiro diferencial
Uma análise simples dos dados deixa claro: a força não está em escolher entre tráfego orgânico ou pago, mas em integrar os dois. O orgânico serve como termômetro de aceitação; conteúdos que engajam de forma natural podem (e devem) ser potencializados via mídia paga, maximizando resultados.
Outro ponto crítico é a coerência estratégica. Sem identidade visual e verbal unificada, a mensagem perde força e o eleitor não reconhece o emissor.
A integração entre tráfego orgânico e pago cria um ciclo virtuoso: o orgânico gera confiança, o pago amplia o alcance e a combinação fortalece posicionamento.
O eleitor quer mais que anúncios: quer relacionamento
Um ponto central emerge dessa análise: a propaganda política digital não pode ser encarada como panfleto eletrônico. O eleitor atual valoriza interação, posicionamento transparente e presença contínua. Anúncios são importantes, mas não suficientes.
O futuro da política no Espírito Santo também será definido por quem souber usar o digital como ponte, e não apenas como vitrine. O orgânico garante legitimidade, o pago garante alcance, e a integração entre os dois constrói campanhas com real poder de influência.
Dominar essa lógica é mais do que comunicação, é uma questão de sobrevivência para o processo eleitoral de 2026.
Marcel Peixoto é publicitário, diretor de arte, especialista em marketing político e tráfego pago