quinta-feira, novembro 6, 2025
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Consciência Negra: entidades e ativistas avaliam cenário e reforçam luta por igualdade

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Em streamings, desfiles, novelas e até em animações, a negritude tem conquistado, passo a passo, a tão sonhada representatividade. O cenário não é favorável. Prova disso são as incontáveis retaliações que surgem cada vez que essa representatividade avança em um campo diferente.

A escolha de uma atriz negra para representar a personagem Ariel é uma prova disso. Quem diria que a princesa de Walt Disney, moradora de um reino tão distante, poderia ser alvo de tantas críticas (e deslikes) por algo tão simples como a cor da pele. É preciso lembrar que se trata de um desenho?

Apesar de recente, a situação sofrida pela atriz, cantora e, agora, Pequena Sereia, Halle Bailey, não começa em 2022. A discussão se aprofunda quando se busca as raízes desse problema: escravidãoracismo estrutural e desigualdade racial.

Para entender é necessário voltar no tempo

O processo de escravidão no Brasil teve início no século XVI, ali por volta dos anos 1530 e 1550. Negros africanos foram brutalmente agredidos, escravizados e trazidos a força para terras, hoje, brasileiras.

Este trágico “enredo” não foi curto. Ele durou mais de 300 anos, sendo “oficialmente” encerrado em 1888 – a escolha do termo oficialmente se dá pela assinatura da Lei Áurea que colocava fim à escravatura em 13 de maio de 1888.

Apesar do “documento”, não foi no 14 de maio de 1888 que a elite brasileira decidiu “acolher” negros africanos dentro de seus casarões. Em 2022 ainda não é tão diferente.

Escravidão > Independência = Desigualdade Racial

Em 2022, o Brasil celebra os 200 anos da sua independência. A data, motivo de comemoração em diversas partes do país no 7 de setembro, é um marco para a história nacional.

Apesar das comemorações verdes e amarelas, a matemática é simples e não falha. O Brasil passou mais tempo com a escravidão do que com a independência e o resultado desse cálculo pode ser percebido até hoje na desigualdade racial.

No Espírito Santo, por exemplo, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a desigualdade racial impacta nos níveis de pobreza, no emprego e nos salários da população.

No ano passado, considerando o valor de R$ 486 per capita, a taxa de pobreza das pessoas brancas no Estado era de 17,1%. Entre as negras ou pardas saltava para 31,3%. No país, a proporção de pessoas pobres era de 18,6% entre os brancos e praticamente o dobro entre negros (34,5%) e pardos (38,4%).

Como começar as discussões sobre desigualdade racial?

Um dos meios encontrados para dar início a esta conversa importante não só para a população negra é por meio da juventude negra que, infelizmente, está presente nas graves estatísticas da segurança pública estadual.

Segundo o levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 53,35% dos homicídios registrados no Espírito Santo entre os anos de 2009 e 2019 foram de homens de 15 a 29 anos. Deste total, os negros foram vítimas de quase 78% dos crimes.

Para o presidente do Fórum Estadual da Juventude Negra do Espírito Santo (Fejunes), Filipe Gutemberg, envolver os jovens nessa discussão é primordial, pois são eles que estão na “linha de frente” do problema.

“Quando a gente fala de extermínio aqui no Brasil, é importante lembrar que as vítimas majoritariamente são as juventudes negras. É importantíssimo fazer o debate político com quem sofre esse extermínio. Temos que unir a juventude negra e fazer esse diálogo direto com o papel de conscientização política”, afirmou.

Um desses debates aconteceu neste sábado (19) com a realização da 15ª edição da Marcha Estadual contra o Extermínio da Juventude Negra.

O evento se concentrou no Centro de Vitória e contou com a presença de militantes do movimento negro e demais organizações para debaterem e combaterem a presença da juventude negra nas prejudiciais estatísticas capixabas.

“A marcha contra o extermínio é uma forma de atrair essa juventude porque ali é um espaço onde damos poder de fala para esses jovens que vão falar sobre seus sentimentos e reivindicações. É o momento em que a juventude tem protagonismo e espaço de fala, essa é a melhor maneira de atrair o jovem, dando espaço digno a ele”, apontou o presidente do Fejunes.

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