A médica Maria Júlia Roseira Bessa Ferraz, de 24 anos, denunciou ter sido alvo de agressões verbais do vereador Oldair Rossi, dentro da UPA de Guarapari, no fim de agosto. O caso ocorreu após um desentendimento sobre o atendimento de uma paciente, e ganhou repercussão após a médica, sua família e entidades médicas se manifestarem publicamente.
Como começou a confusão?
Maria Júlia, que atua no Hospital Materno Infantil Francisco de Assis (HIFA), estava prestando apoio voluntário na UPA quando a paciente atendida relatou dificuldades e entrou em contato com o vereador.
Segundo a médica, o atendimento seguia os protocolos, mas Oldair Rossi chegou à unidade “alterado, exigindo a transferência imediata da paciente”, mesmo após exames iniciais não indicarem emergência.
Durante a discussão, a acompanhante da paciente teria tentado filmar a sala de emergência, o que foi repreendido pela médica. Nesse momento, o vereador teria batido na mesa, colocado o dedo no rosto da profissional e dito que daria voz de prisão a ela.
Médica relata medo e impotência
Maria Júlia afirmou que ficou abalada emocionalmente durante o plantão e precisou da ajuda de outro médico para concluir suturas. “Foi uma sensação muito grande de impotência”, disse.
Ela também criticou o fato de o vereador ter usado a tribuna da Câmara para relatar a versão dele: “Quando ele expôs tudo, eu me senti um lixo, queria me enfiar num buraco”.
Repercussão
O caso gerou reação imediata:
- O CRM-ES divulgou nota de apoio à médica, repudiando a conduta do vereador e pedindo providências ao Ministério Público e à Câmara de Guarapari;
- A Prefeitura de Guarapari lamentou o episódio e disse ter prestado suporte à profissional;
- O vereador publicou um vídeo com pedido de desculpas, afirmando não ter intenção de ofender e justificando que agiu como cidadão preocupado com a paciente.
No entanto, ele contestou que a médica estivesse atuando de forma voluntária e disse ter sido motivado por experiências pessoais com perdas familiares ligadas a falhas médicas.